sexta-feira, 29 de abril de 2016

Cristianismo sem Templo



Em 18 de Abril de 2016 a UNESCO adoptou uma resolução negando aos Judeus a sua ligação histórica ao Monte do Templo e ao Muro das Lamentações. A Espanha, França, Suécia, Russia e Eslovenia, países Europeus com herança judaico-cristã juntaram-se à Algéria, Egipto, Kuweit, Marrocos, Tunísia e Emirados Árabes, referindo-se ainda a Jerusalém como a "capital da Palestina ocupada". Israel foi ainda acusado de colocar "falsas campas judaicas" num antigo cemitério no Monte das Oliveiras o qual tinha sido vandalizado pelo jordanos antes de 1967 e cujas lápides tinham sido usadas como pavimento de ruas.

E para nós cristãos, como iremos lidar com esta questão? É mentira que Jesus, o nazareno, filho de José e Maria, primo de João Baptista esteve no Templo? Para os cristãos, O Templo dos Judeus existiu ou não?

Sendo já dado como certo que há cristãos capazes de remover a palavra Israel da Bíblia creio que seria oportuno para esses retirar também qualquer ligação de Jesus com o 2º Templo, cuja reconstrução foi inicia no ano 516 a.c., e conforme a descrição no livro bíblico de Esdras.

Cristo antes do Templo.

O 1º templo estava destruído. Sem Templo não há festas, não há Páscoa, não há Pentecostes, não há Tabernáculos. O povo estava disperso pela Babilónia e o Sábado não era guardado em Jerusalém. Não havia Lei em exercício na sua totalidade, não havia sacrifícios e nem sequer o Messias poderia realizar os milagres que apontariam para o seu reconhecimento.

Para que o Messias viesse era necessário que tudo estivesse restaurado, que o povo fosse reunido à sua terra e que o monte Moriá visse restaurada a glória dos tempos da adoração de David para que nele se voltassem a cantar os cânticos de Sião.

Daniel, percebendo pelas profecias que o tempo de exílio estava a chegar ao fim, suplica ferverosamente a Deus, e Gabriel traz-lhe esta resposta:

"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo.

Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos.

E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.

E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador."


Daniel 9:24-27

O início da restauração do templo inicia a contagem decrescente para a vinda do Messias!

Conhecida que foi a glória do primeiro templo o profeta Ageu diz que a glória do segundo seria muito maior, porque nela se manifestaria o Desejado pelas nações:

"Porque isto diz o Senhor dos Exércitos: Ainda falta um pouco, e Eu comoverei o céu e a terra, o mar e todo o universo. Abalarei todas as nações e virá O desejado de todas as gentes; e encherei de glória está casa, diz o Senhor dos Exércitos... A glória desta última casa será maior do que a da primeira" 


Ageu 2:7-10

Malaquias: "Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos." 

Malaquias 3:1

Estas citações (muito reduzidas) fazem-nos concluir que sem Templo seria impossível a vinda do Cristo, e sem Ele não haveria cristãos. Sem Templo e sem O Cristo (do Templo) alguns países necessitam de rever urgentemente a sua história começando, porventura, por eliminar as cruzes que têm nas suas bandeiras.

Cristo durante o Templo.

"Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim".
Salmos 69:9 

Sem dúvida alguma que Jesus tinha pelo Templo uma preferência especial. Ele foi o autor daquela obra e os objectos que estavam dentro dele apontavam para a Sua própria pessoa!

A primeira vez de Jesus no Templo:

"Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei, Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois os meus olhos já viram a tua salvação, a qual tu preparaste ante a face de todos os povos."

Lucas 2:25-31

A segunda vez de Jesus no Templo:

"Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da Páscoa. Quando Jesus completou doze anos, subiram eles segundo o costume da festa; e, terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem o saberem seus pais; julgando, porém, que estivesse entre os companheiros de viagem, andaram caminho de um dia, e o procuravam entre os parentes e conhecidos; e não o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele. E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os."

Lucas 2:41-46

Nos evangelhos escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João, a palavra "templo" surge mais de 40 vezes e em 19 dessas vezes "Jesus" e "templo" são termos usados no mesmo versículo. Além das muitas referências que relatam Jesus a ensinar no templo há um versículo que nos deixa a ideia de que Jesus, sempre que estava em Jerusalém, o Templo era o lugar de eleição para ensinar o povo: "Disse Jesus à multidão naquela hora: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador? Todos os dias estava eu sentado no templo ensinando, e não me prendestes." 

Mateus 26:55

Todos os quatro evangelhos fazem referência a Jesus a ensinar no Templo: Marcos 14:49; Lucas 22:53; e João 18:20.

Consegue imaginar uma Bíblia sem Templo? Consegue agora compreender como é impossível a Igreja Cristã existir sem Templo e especialmente sem o cumprimento das profecias messiânicas cumpridas em Jesus de Nazaré, (no Templo)?

Sob determinada perspectiva o Templo é mais importante para os cristãos do que para os próprios judeus. Para os judeus o templo era importante para cumprir com os sacrifícios e rituais determinados por Moisés. Para os cristãos o Templo foi o local onde Jesus se revelou como a Luz que Alumia todo o mundo. Para os cristãos o Templo foi o marco que assinalou o tempo da vinda de Emanuel à terra e a sua morte por toda a humanidade. Ele é a principal "pedra de esquina", Ele É a Porta, Ele É o Cordeiro de Páscoa, que foi sacrificado, sepultado durante três dias e ressuscitou, para que se cumprisse conforme o que estava profetizado nas escrituras.

"Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida."

João 8:12


O Templo depois de Jesus.

"E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu. E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém; e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus." 

Lucas 24:51-53

O Templo continuou a ser um lugar de referência para os discípulos. Eles cumpriram à risca a ordem de Jesus, regressaram a Jerusalém e tornaram-se frequentadores assíduos do Templo até à Festa do Pentecostes.

Os milagres em Nome do Nazareno continuaram a acontecer no Templo. O que pode ter causado mais impacto no início da nova jornada dos apóstolos foi a cura de um coxo:

"Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, a nona. E, era carregado um homem, coxo de nascença, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam. Ora, vendo ele a Pedro e João, que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. E ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Disse-lhe Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda. Nisso, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente os seus pés e artelhos se firmaram e, dando ele um salto, pôs-se em pé. Começou a andar e entrou com eles no templo, andando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo, ao vê-lo andar e louvar a Deus."

Atos 3:1-9

O Templo continuou a ser um marco na vida e testemunho dos discípulos. Paulo, além de desejar voltar a Jerusalém por ocasião do Pentecostes a certa altura teve que se defender dos judeus afirmando que não tinha proferido qualquer ofensa contra o Templo: "Paulo, porém, respondeu em sua defesa: Nem contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César, tenho pecado em coisa alguma." 


Atos 25:8 

"Porque Paulo havia determinado passar ao largo de Éfeso, para não se demorar na Ásia; pois se apressava para estar em Jerusalém no dia de Pentecostes, se lhe fosse possível."

Atos 20:16


Amigos,

Ofensa contra o Templo é esquecermo-nos que ele foi importante para a nossa história cristã. O Templo, ou as suas pedras, "testemunharam" o cumprimento das profecias sobre Yeshua de Nazaré, Messias de Israel, Senhor deles e nosso.

Não abdicamos do nosso direito de afirmar que O Monte do Templo, o monte Moriá, foi o lugar onde Abraão foi chamado por Deus a sacrificar o seu filho Isaac e não o fez porque o Eterno providenciou um cordeiro para o sacrifício. Este gesto de obediência tocou o coração de Deus, pois Ele mesmo um dia iria também ter que sacrificar o seu próprio Filho em favor da humanidade. Abraão, que naquele dia foi testado, foi antes também eleito, para através dele as bençãos de Deus pudessem alcançar de novo, conforme o propósito inicial da criação, todas as famílias da terra.

Se retirarmos aos judeus Jerusalém ou seu Templo ficamos sem Bíblia, sem Jesus O nosso Salvador e Messias. Atacar o direito histórico dos judeus é atacar a história cristã.

Os cristianismo e o judaísmo tiveram um encontro na história e alguns dos seus "filhos" separaram-se. O islão, através das nações árabes, que reclama para si o monte do Templo nunca se encontrou com os judeus ou os cristãos na história (excepto para os conflitos). Aos descendentes de Abraão, 
ancestral comum dos hebreus e dos ismaelitas, foram prometidas heranças diferentes e a Jacó foi prometida a terra que Israel actualmente ocupa e que da sua descendência viria o Redentor de Israel. 

"... o cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de sua posteridade, até que venha Siló, aquele a quem o cetro pertence, e a Ele obedeçam todos os povos da terra!."

Génesis 49:10


Samuel Dias




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