Sucot é a
festa do regozijo. Em tempos longínquos, multidões de peregrinos vinham de
todas as partes de Israel e do mundo, e chegavam a Jerusalém em caravanas
coloridas e festivas. Sucot, cuja celebração começa em 15 de Tishri sucede e
substitui a severidade e a solenidade de Yom Kipur.
Em
Jerusalém, os judeus preparam e habitam em tendas cobertas com ramos ao longo
das ruas, no pátio do templo, sobre os telhados das casas, nos montes e vales
ao redor da cidade.
Hoje em dia
estes momentos estão de novo a ser revividos em Jerusalém. Em
cumprimento da ordem expressa em Levítico para a festa da alegria, a tradição
judaica reuniu num só molho quatro espécies abundantes em Eretz Israel.
"No primeiro dia pegareis os frutos das árvores de Hadar, e
folhas de palmeira, e ramos de árvore frondosa, e salgueiros do ribeirão e
alegrar-vos-ei diante do Senhor teu Deus por sete dias". (Levítico 23:40).
O molho é
constituído pelas seguintes espécies:
·
Tamareira
(lulav);
·
Citrino
(etrog);
·
Três
ramos de murta (hadáss) e
·
Dois
ramos de salgueiro (araváh).
Um dos
símbolos que esta espécie lembra são:
·
o
limão, o coração;
·
a
tamareira, a espinha dorsal;
·
a
murta, o olho;
·
o
salgueiro, a boca;
Todos estes
órgãos são necessários ao corpo e dependem entre si.
Mas há
também uma interpretação mais profunda e que lembra quatro espécies do carácter
humano:
I. O
citrino, “etrog”.
O “etrog”,
belo e aromático, é a pessoa formosa e de carácter sério. Tem gosto e aroma –
representa um judeu com conhecimento da Torah e que pratica boas ações.
O “etrog”
tem sabor e aroma. Assim, também, o povo de Israel inclui indivíduos que
possuem estudo de Torah e praticam boas acções…
O “etrog”
diz: "Sou perfeito. Combino estudo e acções num equilíbrio
impecável. Na minha vida, o conhecimento e a acção não superam ou anulam um ao
outro, mas completam-se mutuamente."
Bom, isto é
algo que todos nós podemos dizer, pelo menos de vez em quando. Todos
precisamos saber que possuímos o potencial para tal perfeição harmoniosa e que
cada um de nós tem aqueles momentos na vida em que a atingimos.
Tal como em
Israel, também nós somos como muitos “citrinos” que se empenham em aprender e
em praticar o que aprendem.
II. A
Tamareira, “Lulav”.
A palmeira,
que não tem fragrância é o indivíduo que só tem aparência externa. Tem gosto,
mas não tem aroma – representa um judeu com conhecimento somente.
A tâmara (o
fruto do “lulav”) tem sabor mas nenhum aroma. Assim, também, o povo de Israel
inclui indivíduos que têm Torah mas não praticam boas acções.
O “lulav”
diz: "Sou totalmente devotado à busca da sabedoria, consciência e
auto-conhecimento. A acção também é importante, mas minha primeira prioridade é
conhecer a Deus e o meu verdadeiro eu, mesmo que isso signifique afastar-me do
envolvimento com o mundo."
Isso é algo
que todos nós podemos dizer, pelo menos uma vez ou outra. Todos precisamos de saber
que existe o potencial para esta sabedoria ser consumada dentro de nós e que
todos temos aqueles momentos na vida em que a atingimos.
Tal como os
judeus também muitos de nós têm sabor (conhecimento) mas não têm acções (boas
obras).
III. A
murta, “hadas”.
A murta,
modesta e perfumada é como o indivíduo que possui méritos interiores. Não tem
gosto mas tem aroma – representa um judeu sem conhecimento da Torah, mas com
boas acções.
A “hadass”
tem aroma mas não tem sabor. Da mesma forma, o povo de Israel inclui pessoas
que praticam boas acções mas não têm o estudo de Torah. São pessoas boas,
apenas.
O “hadass”
diz: "O que nosso mundo precisa é de acção. O conhecimento de Deus e a
auto-consciência são objectivos valiosos, mas eu tenho um trabalho para fazer:
Preciso de construir um mundo melhor – o conhecimento de Deus vai ter de
esperar."
Isso é algo
que todos podemos dizer, pelo menos uma vez ou outra. Mas, todos precisamos
saber que nossa missão na vida é "fazer
do mundo físico uma morada para Deus habitar," e também há ocasiões em
que a necessidade de acção, de trabalho deve ficar para depois e não ser
substituída pela nossa presença diante de Deus.
Tal como em
Israel, também à nossa volta existem “murtas” que se empenham em fazer tudo o
que for preciso para ajudar a construir um mundo melhor, porém esquecem-se de
que buscar a Deus também é essencial.
IV. O
salgueiro, “aravah”.
O salgueiro
não é belo nem perfumado. Representa os seres pobremente dotados nos dois
sentidos. Não tem aroma e nem gosto – representa um judeu sem conhecimento e
sem boas acções.
A “aravah”
não tem sabor nem aroma. Assim, também, o povo de Israel inclui indivíduos que
não têm Torah nem boas acções…
A “aravah”
diz: "Não tenho nada. Não valo nada."
Isso é algo
que todos podemos afirmar, uma vez por outra. “Servo inútil…”, “miserável homem
que eu sou…”.
Mas o conjunto lembra que todos são um povo que necessita de estar unido e no qual Deus precisa de intervir para introduzir mudanças.
Mas o conjunto lembra que todos são um povo que necessita de estar unido e no qual Deus precisa de intervir para introduzir mudanças.
Como
podemos transferir isto para os gentios cristãos que são também herdeiros de
uma cultura judaica e influenciados por ela?
A virtude
não está simplesmente em dizer que "todos são parte de um povo" ou
"que todos são preciosos aos olhos de Deus" ou mesmo que "todos
são necessários".
Isto implica que cada uma das quatro espécies de seres humanos possui alguma coisa que o outro não tem e faz uso dessa qualidade para influenciar os restantes que não a possuem.
Por outras palavras, não se trata apenas de sermos necessários para formar um povo – também é necessário sermos “um só corpo”. E Sucot temos a oportunidade de ligarmos uns com os outros, para que as qualidades do outro sejam absorvidas por nós.
Isto implica que cada uma das quatro espécies de seres humanos possui alguma coisa que o outro não tem e faz uso dessa qualidade para influenciar os restantes que não a possuem.
Por outras palavras, não se trata apenas de sermos necessários para formar um povo – também é necessário sermos “um só corpo”. E Sucot temos a oportunidade de ligarmos uns com os outros, para que as qualidades do outro sejam absorvidas por nós.
“Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que
não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si
sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um. Pois assim
como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma
função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e
individualmente uns dos outros.” Romanos 12:3-5
Todas as
espécies são necessárias e têm que estar juntas". Porém, a protecção
divina atinge a todos igualmente.
Repare no
que Jesus tem a dizer sobre a unidade: “E rogo não
somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em
mim; para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que
também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu
lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um; eu
neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o
mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste
a mim. Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens
dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da
fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheço;
conheceram que tu me enviaste; e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei
conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu
neles esteja.” João 17:20,26
E o Apóstolo Paulo? “Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós difunde em todo lugar o cheiro (acções) do seu conhecimento; porque para Deus somos um aroma de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem.” II Coríntios 2:14,15
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