domingo, 8 de maio de 2016

Fanatismo por Israel


Ser cristão e amar os judeus suscita uma das maiores controvérsias entre os evangélicos e divide-os. Há muitas variantes de abordagem à questão, desde os mais apaixonados até aos que repugnam qualquer interesse sobre este assunto, ou seja, pode ser-se do Benfica, comunista, mas sionista é que não.

Então, temos os que: em Israel é tudo profético; que é a “nação santa” (não se pode tocar na menina do olho); os que são sionistas mas por causa da opinião dos seus líderes ou amigos “nem chegam perto”; os que só usam a bandeira de Israel nos seus púlpitos e nem sequer têm a Portuguesa (outros nem conhecem o protocolo de uso de bandeiras – que coisa feia para líderes!); os que celebram as festas todas de Israel, religiosas e históricas, os que “Jerusalém ou Meca” tanto faz; “pedras não me interessam"; e a mais conhecida de todas, “A Igreja é que é o Israel de hoje!”.

Isso faz diferença para o futuro de Israel? Nenhuma! Deus está lá preocupado com as tradições das igrejas, rituais, dislates e diferenças. Deus está mais preocupado com o coração ou a consciência de cada um, isso sim, pois estamos individualmente todos os dias sob observação pelo Criador.

Portanto, deixem-nos também ter a nossa perspectiva e não confundam sionismo com religião, ou com misticismo e cabalismo. Somos Sionistas porque acreditamos que o povo de Israel tem direito à sua terra ancestral, e como cristãos, além de amarmos o povo judeu, entendemos que Israel tem direito à promessa Bíblica de habitar na sua terra, ao cumprimento do plano de Deus para as suas vidas e nação.

Alguns extremismos levam a empurrar todas as questões relacionadas com Israel para o mesmo saco, por exemplo, três questões:

1. “Orai pela paz de Jerusalém; prosperem aqueles que te amam.” Salmos 122:6

Quando alguém cita este versículo para defender a “causa de Israel”, alguém vem sempre a seguir e reclama: E por Lisboa, Rio de Janeiro e Madrid, também pode? Claro que quem pergunta sabe muito bem que pode e nem sequer precisa de resposta. O que está por detrás de quem pergunta isto é uma inquietação pelo dever de ter que orar por Jerusalém e uma certa relutância para o fazer porque "não sou judeu, não quero saber".

Mas porquê orar por Jerusalém? Existem algumas dúvidas de que através da história Jerusalém foi a cidade mais vandalizada de todos os tempos? Há alguma dúvida de que Jerusalém é capaz de dividir todo o mundo em duas metades, os que a odeiam e os que a amam? Questionar sobre esta divisão é também ignorar o poder do amor e do ódio. Orar por Jerusalém não é pecado, apenas é, diria, desconfortável.

E a opção de ser indiferente? É uma escolha. É confortável. Assim consigo agradar aos que a amam e aos que a odeiam. É com cada um. Não iremos citar versículos bíblicos para os demover desse comportamento pois decerto insistir acabará por gerar maior afastamento.

2. "Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei aquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra." Genesis 12:3

Inevitavelmente estamos a falar da descendência de Abraão, não há qualquer dúvida teológica sobre isto. Mas… a promessa, para nós cristãos, fala-nos também de um Messias, através do qual (já) recolhemos essa bênção. Ao contrário, o actual Israel ainda não, e além do mais praticam coisas são perversas que até a Deus dá pouca apetência para os continuar a abençoar. Mas a natureza do Protector de Israel é assim mesmo: Ele, que entregou o Seu Filho quando nós éramos uns filhos pródigos vadios e estrangeiros, quando mais não amará aqueles que geraram na sua linhagem o Filho do Homem?

É por isso nosso dever amar o povo judeu? Claro! Não apenas porque eles deram-nos o seu Messias mas também porque ao longo de muitos anos foram hostilizados por o terem morto. A “Igreja” desviada dos caminhos do Santo, esqueceu-se que Jesus ensinou-nos que deveríamos amar a TODOS e até mesmo os nossos inimigos. O perdão concedido na cruz a toda a humanidade é O ÚNICO MEIO através do qual a paz pode ser alcançada pelas nações.

E os árabes? Também devemos amá-los? Mas que pergunta inútil! Obviamente! Devemos amar estes dois irmãos desavindos e promover a paz entre ambos. Devemos defender o direito de ambos a habitar em paz cada um na sua terra. Não se pode ser cristão e odiar os árabes; não se pode dizer que se ama a Jesus (pois é um judeu dentro do nosso coração) e ter aversão aos judeus. Ter ódio por qualquer raça ou povo é uma abominação contra a criação perfeita de Deus.

3. "... e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” Romanos 11:26

Esta é uma das passagens que suscita mais dúvidas relativamente a Israel. “Todos os Israelitas são salvos” só porque são judeus?

Em Romanos no capítulo 9, a partir do verso 27 o apóstolo Paulo fala-nos de uma pedra de tropeço e quem não crer nela será confundido – trata-se de Jesus (a pedra) obviamente. Há um risco sério de certo fanatismo por Israel fazer-nos esquecer que Jesus disse que “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai se não for através de mim”. Os judeus buscam a construção do templo para reiniciar os sacrifícios que lhes poderão trazer alívio das suas culpas e também para que venha o Messias (que já veio) e nós cristãos devemos afirmar que isso é inútil. Mesmo sabendo que um dia o 3º Templo será erguido, hoje temos que declarar que todos os sacrifícios serão inúteis pois O CORDEIRO DE DEUS, a nossa Páscoa, já nos trouxe a eterna Salvação. É aceitando essa Salvação que todo o livramento nos alcançará!

A nós cristãos, compete-nos afirmar que, tanto judeus como gentios só são salvos através do sacrifício expiatório de Jesus na cruz. Fora dele não há salvação. Quanto ao sonho político de Israel ter a sua pátria (já tinham esse sonho quando os Romanos dominavam a Judeia), ele está a cumprir-se mas não devemos ficar excessivamente encantados com isso. O que nós devemos desejar profundamente é a salvação do povo judeu, mais do que boas soluções políticas, mais do que terra (mais do que sionismo) pois só assim é que um plano maior para a salvação de Israel poderá ser concretizado.

“Ora se o tropeço deles é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” Romanos 11:12

Para concluir.

Nós, cristãos sionistas, devemos ter cuidado no uso de alguns termos para não contribuirmos para confusão em vez de clareza. O uso de versículos bíblicos muitas vezes irrita ainda mais as pessoas que odeiam o povo escolhido e isso deve-se a um manuseamento descontextualizado das questões. Experimente jogar um balde de gelo numa pessoa que diz estar com frio... é ás vezes o que parece a utilização da Bíblia em vez de usar um cobertor para aquecer a pessoa irada! 


Por outro lado a um certo grupo de cristãos evangélicos provoca outro tipo de relutância pois nos púlpitos das igrejas não se ensina a história moderna de Israel, nem isso tem que ser feito, obviamente. Os cristãos sionistas devem honrar a causa de Israel apresentando-nos na argumentação, não apenas com conhecimento, mas também com sabedoria. Não nos podemos esquecer que a maioria das pessoas comenta, não porque odeiam mas porque são vítimas de desinformação e ignorância. Ainda assim, não devemos colocar Israel num pedestal porque a soberba é pecado e isso foi-nos ensinado pelo Deus de Israel.

Por último, lembremo-nos que se o clima agora é agreste ele vai ficar ainda pior. Enquanto os árabes que combatem Israel através dos seus lobbies e campanhas de ódio com os diversos instrumentos, mas são descarados no seu combate, imagine um dia em que les adoptarem uma postura dissimulada de pretensões de paz. Israel começa de novo a fazer cedências, o povo coloca um governo mole no poder, vai ficar complicado para nós “não sermos a favor da paz”, e de repente…

Samuel Dias

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